
Desafios de Saúde Animal, Qualidade do Produto e Implicações para a Saúde Pública
Letícia Kravutski, analista técnica júnior externa da Cooperativa Castrolanda, aborda a crescente tecnificação e intensificação da produção de leite para suprir as demandas do mercado. Este aumento na produção acarreta maiores e mais frequentes desafios relacionados à saúde dos animais, resultando em um uso mais elevado de medicamentos, incluindo antibióticos. Letícia destaca que a mastite é a enfermidade de maior desafio em propriedades leiteiras. Esta inflamação da glândula mamária, geralmente associada a uma infecção, frequentemente exige tratamento com antibióticos. Os grupos de antibióticos mais utilizados incluem os betalactâmicos, tetraciclinas, sulfonamidas, aminoglicosídeos e quinolonas. A via de administração varia conforme o protocolo de tratamento de cada fazenda, mas a maioria dos animais acaba recebendo tratamento intramamário, ou seja, diretamente no teto do animal. O uso desses medicamentos tem implicações diretas na qualidade do leite, pois pode haver a presença de resíduos do produto. Isso ocorre principalmente se o tempo entre as aplicações ou a dose não for respeitado. Esses resíduos podem permanecer no leite mesmo após a pasteurização. Existe uma determinação legal do Limite Máximo de Resíduos (LMR), que estabelece a concentração máxima desses resíduos que não representa risco de toxicidade para a saúde humana, baseada na ingestão diária aceitável definida pela Anvisa. Um exemplo de antibiótico com LMR igual a zero, ou seja, expressamente proibido em animais produtores de leite, é o florfenicol. O monitoramento da presença de resíduos de antibióticos na indústria é rigoroso. Toda carga de leite que chega à indústria é testada na recepção, e testes de rotina adicionais são realizados várias vezes por semana. A sensibilidade desses testes varia conforme o princípio ativo do medicamento em questão. A ingestão de leite ou derivados lácteos com resíduos de antibióticos pode ter efeitos negativos na saúde humana. Entre eles, destacam-se reações de hipersensibilidade, toxicidade, efeitos carcinogênicos (levando à formação de câncer) e, a maior preocupação atual, a seleção de cepas resistentes aos antibióticos. Essa exposição crônica a um princípio ativo pode fazer com que o mesmo antibiótico não tenha o efeito desejado em tratamentos futuros de doenças humanas. O clorofenicol, por exemplo, também pode causar anemia crônica, sendo proibido no Brasil desde 2003. A assistência técnica da Cooperativa Castrolanda auxilia os produtores monitorando diariamente os resultados das análises, ajudando na coleta e envio de amostras para pesquisa de resíduos. Além disso, trabalham nas propriedades para conscientizar sobre o uso correto dos medicamentos através de capacitações, visando evitar esses problemas sérios para a saúde pública.
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1 Antena entrevista com Letícia Kravutski, analista técnica júnior externa da Cooperativa Castrolanda - Antibióticos na Produção de Leite 2 dias atrás
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